A
loba e a semente
Protegida
pela raiz
nutritiva de uma árvore, uma
loba abriga a sua cria...
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Este
desenho não está terminado. É de propósito. Há coisas na vida
que não terminam porque são circulares. E assim o deve ser, é
como o ciclo da semente.
Vivemos
numa era moderna, cercados de coisas inúteis, afogados em
redemoinhos de atividades. Queremos ter tudo o tempo todo, mas
acabamos sendo ocos de nada, deixamos secar as nossas raizes
nutritivas, não ouvimos o rebento das nossas folhas, não observamos
o brotar das nossas flores, não descobrimos o sabor do suco dos
nossos frutos, não permitimos que a nossa semente germine.
Deixar
fluir livremente
o sangue que nos corre nas veias
é deixar emergir
em nós quem
somos, mas
que há muito
reprimimos.
Protegida
pela raiz
nutritiva de uma árvore, uma
loba abriga a sua cria...
Ela
sabe que o amor pela sua cria não tem fim, é por isso que este
desenho não está terminado, ela sabe que assim o deve ser.
Corre-lhe a sabedoria nas veias intuitivamente.
Hoje
deixo o sangue que me corre nas veias fluir livremente, esta manhã
desafogo-me do redemoinho da vida, deixo que as minhas raizes me
nutram, inalo todo o cheiro do meu húmus matinal, exalo o canto das
minhas folhas, desperto com o perfume das minhas flores, espero com
paciência (e logo eu que tenho tão pouca!) que os meus frutos
amadureçam, para depois colhê-los e saboreá-los. Quem sabe darão
semente?
Protegida
pela raiz nutritiva de uma árvore, uma loba abriga a sua cria...
Hoje
sei que não sei como continuar esta história, e nem sei se será
terminada, se é que tenha de o ser, não é esse o ciclo da semente?