Um
dia disseram-me para eu não sonhar, porque estava a desperdiçar
tempo. E eu nunca mais sonhei. Guardei as asas e nunca mais voei.
Assim fui apagando em mim todos os sonhos de criança, e os anos
foram passando, passaram a correr. Depois vieram os obstáculos e os
desafios, os sonhos foram substituídos por medos.
Tornei-me
expectadora no palco da minha vida, porque desse lado pensava estar
mais segura.
Há
poucos anos atrás tive um sonho enquanto dormia.
Daqueles que entram na nossa memória
sem pedir licença para entrar, daqueles que não dá para nos
esquecermos dele, pela sua intensidade, mesmos que queiramos. Um
cantor puxava-me para subir ao palco e cantar para um público. Subir
ao palco e cantar? Tive medo, mas já estava em cima do palco. Quando
me virei para cantar, estava no topo de um rochedo e o público era
agora um imenso oceano que se expandia à minha frente, com toda a
sua beleza, com toda a sua força.
Abri as asas e voei. Assim nasceu este desenho.